Fatores e Hipóteses sobre Biodiversidade

Fatores

A diversidade não é só uma característica da organização da comunidade, ela é influenciada pelas relações funcionais entre os níveis tróficos. Entendemos por função de uma espécie, o resultado das suas atividades que a conectam direta ou indiretamente com os seres vivos de um ecossistema. Por exemplo, a produção de frutos, competição, predação, entre outros fatores, constituem um aspecto funcional, e diz respeito ao seu nicho ecológico.

Dentre os padrões de distribuição da biodiversidade no planeta é interessante observar algumas curiosidades sobre os fatores que a influenciam:
1. A diversidade cai na medida em que o nível trófico da cadeia alimentar aumenta.
2. A diversidade é menor nos ambientes mais sujeitos a estresse.
3. A intensidade das alterações que ocorrem no ambiente pode tanto favorecer o aumento quanto a redução da biodiversidade.
4. A presença de poliploidia, que são os organismos com mais de 2 conjuntos (2n) de cromossomos, ou seja, 3n, 4n, …8n, tende a aumentar a diversidade.
5. A produtividade do ambiente aumenta a diversidade até certo ponto, quando em seguida volta a cair novamente.
6. Em locais sujeito a abalos sísmicos, chamados hot spots, os mamíferos apresentam maior diversidade genética, no nível cromossômico.
7. Quanto maior a estabilidade das condições ambientais, maior a diversidade.
8. Quanto maior a proximidade do equador, mais biodiverso o ambiente.
9. Quanto maior a variedade de habitat, maior a diversidade.
10. Quanto maior o tamanho da área, maior a diversidade.
11. Um certo grau de competição no ambiente, favorece a diversidade, pois estimula a especialização em hábitats e nichos diferenciados.

A maior parte da diversidade encontra-se nos ecossistemas naturais cuja sobrevivência depende, em grande parte, da própria diversidade que compõem estes sistemas. Podemos considerar a diversidade genética, expressa pelo polimorfismo, um requisito para manter a biodiversidade nos ecossistemas. A diversidade genética é a que confere poder de adaptação das espécies às mudanças do ambiente, relacionadas ao clima, pragas, doenças, tecnologia, uso de recursos naturais e preferências humanas.

Essa diversidade genética tem sido perdida em virtude da difusão das variedades de plantas cultivadas, exigentes condições controladas para atingir alta produtividade. Outro fator que tem levado a perda de diversidade é a poluição, por exemplo, os efluentes domésticos tendem a diminuir a diversidade, devido a eutrofização de lagos, os agrotóxicos e fertilizantes utilizados são levados pela chuva para os rios e lagoas.

Também é possível observarmos aspectos da influência do tempo. A diversidade das comunidades que se distribuem pelo planeta apresenta variações ao longo do tempo evolutivo. Por exemplo, a idade de uma espécie de árvore hospedeira tem relação com o número de espécies dependentes que ela pode sustentar, tais como, as epífitas, os parasitas e consumidores de frutos, folhas e sementes. O esperado é que quanto mais antiga a espécie hospedeira mais espécies com dependência direta ou indireta da sua estrutura e função na comunidade ela sustentaria.

Uma tendência ao longo da evolução e das sucessões ecológicas é que nos ambientes mais maduros e estáveis é possível encontrarmos maior número espécies, porém com nichos mais estreitos, restritos. Parece que quanto menor são as diferenças entre as estações do ano, maior será o tempo de evolução, maior será o número de espécies.

Outra forma de identificar a diversidade nos ambientes é observar o resultado da interação dos organismos em seus locais de distribuição no ambiente:
1. Agrupamento de animais sociais, quando formam bandos.
2. Estratificação da vegetação em relação ao nível do solo: camada herbácea, arbustiva, de arvoretas e arbórea.
3. Fases de reprodução, quando alguns animais estão mais agregados para acasalar.
4. Períodos de atividades dos organismos, alguns têm horários específicos, por exemplos, animais matutinos, vespertinos ou noturnos.
5. Redes alimentares, a composição dos diferentes componentes das cadeias tróficas.
6. Zonação entre as marés baixa e alta.
7. Zonação observada nas montanhas desde a base até o topo.

 

Hipóteses

Existem diferentes hipóteses que tentam explicar as características da diversidade nas comunidades biológicas, vejamos algumas delas:

Hipótese do Tempo – afirma que a diversidade aumenta continuamente ao longo da evolução, sendo os habitats tropicais os mais antigos do que os árticos e temperados, neste sentido, os habitats tropicais apresentam mais espécies do que estes últimos. Um outro fator é que as drásticas flutuações no clima passado, originaram processos de restrição e fragmentação de habitats causando especiação de muitas outras espécies que surgiram pelo isolamento reprodutivo.

Hipótese da Produtividade – a riqueza de espécie de uma região parece estar relacionada com o clima, especialmente temperatura e precipitação que favorecem as condições para uma alta produtividade. Nos trópicos é melhor a satisfação dessas condições e, portanto, mais espécies poderiam utilizar os recursos disponíveis.

Hipótese da Redução da Competição – quanto menos intensa a competição entre as espécies maior o número delas que podem coexistir. Essa redução pode ser pelo aumento da especialização ecológica onde sobraria mais recursos, pela redução na demanda de recursos e da intensificação da predação. Na competição, as espécies mais fracas que não obtiveram sucesso no habitat, tendem a tornar-se cada vez mais raras.

Hipótese das Perturbações Intermediárias – as perturbações causadas por condições físicas mais severas (ventos, tempestades), predadores entre outros, abrem espaço para a colonização e início da sucessão. Um nível moderado de perturbações manteria a comunidade em um conjunto com diferentes partes de habitats em diferentes estágios de regeneração. Esse processo tende a reduzir a atuação dos predadores dominantes e reduz as chances de exclusão de espécies em virtude da competição.

Hipótese de Terborgh – os trópicos apresentam maior diversidade, primeiro, pela maior quantidade de área, segundo, pela produtividade maior do que as altas latitudes. O modelo de Terborgh afirma que na região tropical está concentrada vasta área de terra o que levaria ao maior número de espécies. Grandes áreas possuem muitos indivíduos, possuem mais habitats, possuem mais regiões biogeográficas, diversidade de paisagens.

Hipótese do Equilíbrio – a diversidade atinge um equilíbrio no qual os fatores que removem espécies de um dado sistema se equilibram com aqueles que adicionam. De um modo que a exclusão competitiva regula a presença das espécies pelo limite de exploração de recursos. Os fatores que tendem a influenciar esse equilíbrio são basicamente as condições físicas; variedade de recursos; interações tróficas (predação); heterogeneidade ambiental (de habitats). A manifestação desses fatores nos trópicos permite que um maior número de espécies possa coexistir, ao menos reduzindo o efeito da competição.

Além dessas hipóteses devemos lembrar que os trópicos apresentam outros aspectos favoráveis: a diversificação de habitats, a maior estabilidade das condições do tempo, as perturbações de intensidade moderada são mais frequentes.

 

 

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